Em 1970 a seleção brasileira encantou o mundo com futebol requintado, de alta resolução.
Zagalo comandou o time tricampeão: Felix, Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Brito, Gerson, Jairzinho, Tostão e Pelé este time tinha convicção que quem tinha que correr era a bola, dizia Rivelino com seus passes milimétricos.
Em 1974 surgiu um pensador europeu que divergia do axioma brasileiro: “Os jogadores têm que está onde a bola estiver”, quem assim dizia era o audacioso Rinus Michels, técnico da seleção holandesa de 1974, que assustou o mundo da bola com o Carrossel Holandês ou Futebol Total, em campo comandado pelo cerebral Johan Cruijff.
Ironicamente Zagalo chamava os holandeses de “futebol alegrinho”, mas quando a seleção canarinho se cruzou com a “laranja mecânica”, além do vareio de bola, tomou de 2 x 0 e nunca na história da nossa seleção uma onzena brasileira foi tão violenta como à de 74 com Leão; Zé Maria, Luís Pereira, Marinho Perez e Marinho Chagas; Paulo César Carpegiani, Rivelino e Dirceu; Waldomiro, Jairzinho e Paulo César.
Zagalo não conta essa derrota: a seleção foi tão viril que tentou parar Cruijff e Cia. na porrada. Luis Pereira foi expulso por tentar partir no meio Neeskins. Os holandeses perderam o título para a Alemanha Ocidental, em final memorável, mas revolucionaram a maneira de jogar futebol. Futebol que reunia técnica e força física. Jogadores e a bola simbolizavam um carrossel.
Na década de 80, em Belém, eu vi um jogador acima dos 35 jogar como um jovem de 18 ou 20 anos: Biro-biro,meio-campista que jogou no CR. Ele era o primeiro a chegar no Baenão e o último a deixar o campo. Não fumava, não andava em barcada e se cuidava muito.
Domingo, no Mangueirão, dois jogadores acima dos 35 fizeram a diferença: Gian (Independente) e Sandro Goiano (PSC), que entrou no segundo tempo e mudou o ritmo de jogo do Paysandu, que perdia por 3 x 1 e chegou aos 3 x 3 com gol de Sandro, aos 41.
No sábado, no hotel, conversei com Gian e ele me disse que sabe das suas limitações, mas que se cuida e em campo delimita uma faixa e ali desenvolve seus planos, tendo visão periférica dos seus companheiros.
Sandro Goiano não marca, mas com a bola nos pés sabe o que fazer, fazendo com talento. É o caso de Gian que foi cassado pelo Alexandre Carioca e a história do jogo começou a mudar quando o jogador do Papão recebeu cartão amarelo do árbitro Clauber Miranda.
O que esses dois jogadores têm em comum? O pensamento. O poder cognitivo. Eles não têm força física, mas sabem pensar e executam com inteligência. Mimam a bola e sabem tocar na hora do passe.
Sandro saiu de campo dizendo que pretende parar no final do ano, mas quer chegar à segunda divisão com o Paysandu. Se ele se cuidar, chegará, porque sabe pensar.
Aliás, hoje o google não deixa a rapaziada pensar: a moda é pesquisar.
Continuo pensando que jogador acima dos 30 prá jogar em Belém tem que ser cuidadoso com o corpo e talentoso, se não foi assim vem prá “roubar”.
É o que há!
terça-feira, 28 de junho de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário