quinta-feira, 21 de julho de 2011

A OPINIÃO DO BLOGONAUTA

O Futebol foi criado há mais de 100 anos e, consequentemente, passou por inúmeras mudanças. Futebol é, sem dúvida, uma paixão mundial e principalmente para nós brasileiros. Existe a paixão de praticar o futebol. A paixão de torcer pelo futebol. A paixão de trabalhar com o futebol. Particularmente pratico essas três paixões.
Navegando pela internet em sites e blogs esportivos, tenho visto com muita freqüência uma espécie de "chororo" de alguns dirigentes e torcedores sobre as dificuldades de participar de campeonatos, a ausência de patrocinadores, uma suposta discriminação da imprensa e outros choros mais. Na verdade, vamos analisar por partes. Tem um ditado que diz o seguinte: "Quem não pode com o pote não pega na rodilha".
Futebol hoje é um investimento, um mercado com um potencial incrível para divulgação de marcas, empresas, uma fonte de - se souber explorar, ganhar muito dinheiro. Porém, para que isso se torne realidade, é necessário saber investir. Sou defensor que um clube de futebol é uma empresa. Tem sua gerência (presidente, diretores, supervisores) e seus colaboradores (jogadores, comissão técnica e torcida). A formação desta base é um dos pontos mais importantes para o sucesso no futuro. Uma empresa vai pra frente se for bem gerida, se der resultados a curto, médio e longo prazo. Justamente esse sucesso é que vai atrair mais investidores para a continuação do sucesso. Quem vai investir em uma equipe que não dá resultados? quem vai investir em uma equipe que não honra seus compromissos? Dificilmente alguém vai querer entrar em uma "barca furada".
Quando você vai a um banco pedir dinheiro emprestado, o gerente vai dar dinheiro a você porque você usou a sua linda voz? Claro que não. Você deve dar garantias para que o que ele vai lhe dar retorne de forma valiosa para ele. A mesma coisa acontece no futebol. Não basta você bater na porta de uma empresa e pedir patrocínio dizendo que tem lugar na camisa ou no calção para colocar sua marca. É muito mais do que isso. O pior é que no Pará ainda existe dirigente que espera que alguém vá bater na porta do seu clube oferecendo ajuda. Isso é brincar de fazer futebol.
Vou dar um exemplo real. Em 2009, o presidente do Cristal, clube de futebol do Amapá, convidou meu ex-patrão e amigo pessoal Dr. Moisés para assumir o clube, pois estava acabando seu mandato. Dr. Moisés é mantenedor da Faculdade IMMES na capital amapaense, e ajudava o Cristal com apoio Nutricional e Fisioterapia aos atletas do clube. Tudo bancado pela Faculdade, pois além de outros cursos a Nutrição e Fisioterapia ajudaram o Cristal. Meu amigo Dr. Moisés aceitou o desafio e me convidou para ser o diretor de futebol do clube. Também aceitei o desafio. Detalhe: Ele só aceitou porque tinha condições de "tocar o barco".
No ano de 2009 disputamos 3 competições: Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro da Série D e Campeonato Estadual. Para começo de conversa, pegamos o clube sem 1 bola para treinar. Com a ajuda de ex-diretores do clube montei um mini livro com a história, ídolos do passado, situação atual, perspectivas para o futuro, os objetivos da nova diretoria e fui atrás de patrocínios. Cheguei a fazer mais de 100 ligações por dia para patrocinadores, fabricantes de material esportivo, etc. Certo dia meu celular toca e era a representação da KAPPA (Fabricante de materiais esportivos multinacional) no Brasil – São Paulo, dizendo que haviam gostado muito do documento que havia enviado a eles, para que patrocinassem o clube no ano de 2009. Foram vários telefonemas. Expliquei nossos projetos e eles aceitaram patrocinar o clube. Recebemos 8 jogos de camisas oficiais (1º e 2º uniformes completos), 100 jogos de uniforme de treino, 50 coletes para treino, 50 sacolas para viagens, 50 jogos de uniforme para viagens e concentração. Foi a primeira vez na história do futebol amapaense que uma multinacional e patrocinadora de vários clubes (na época era patrocinadora do Botafogo-RJ, Águia-PA, Roma-ITA) patrocinava um clube amapaense.
Conseguimos, também, patrocinadores regionais, inclusive patrocinadores quem bancaram todas as passagens aéreas para nossos jogos fora de Macapá (25 passagens por jogo), onde jogamos em São Luis-MA, Palmas-TO, Manaus-AM e três vezes em Santarém-PA. Nossa presidente – o clube, bancou todas as despesas de hospedagem, alimentação e translados (uma média de R$8 mil por jogo fora de Macapá). Tudo isso foi conquistado com PLANEJAMENTO e ORGANIZAÇÃO. Resultado? Chegamos às quartas de final da competição brasileira da série D, onde fomos eliminados pelo campeão São Raimundo-PA – na cidade de Santarém, pelo placar de 2x0. Mesmo assim, em jogo disputadíssimo. Apesar da eliminação fomos elogiados pelo trabalho que fizemos, pois nunca uma equipe amapaense havia chegado tão longe em uma competição. E ainda me lembro, como se fosse hoje, da grande maioria da imprensa, no dia da nossa apresentação, falar que éramos inexperientes, que não chegariam os a lugar nenhum. Chegaram a dizer que o presidente e eu nunca chutamos uma bola, e queríamos fazer futebol. Um dos melhores comentaristas do futebol brasileiro – PAULO VINICIUS VASCONCELOS, da ESPN Brasil nunca foi jogador, e é um dos melhores comentaristas do Brasil. JOSÉ MOURINHO nunca foi jogador, e é o melhor técnico do mundo. Exemplos que basta ter um pouco de conhecimento para dar certo em qualquer situação.
Isso tudo conseguimos para um clube muito pequeno, sem expressão no futebol nacional. Por que os clubes daqui não conseguem? Será mesmo por discriminação? Será mesmo por que só olham para os grandes Remo e Paysandu? Ou será porque não sabem fazer? Como disse não basta dizer que tem espaço para publicidade. Tem que justificar e mostrar como será o retorno do investimento.
Infelizmente ainda existem torcedores e principalmente dirigentes com o pensamento que pessoas com dinheiro tem que dar dinheiro ao clube. Por favor! O que falta é investimento nos clubes. Falta contratar funcionários bem remunerados para gerir o futebol. Um clube deve ter funcionário remunerado na parte de marketing, justamente para atrair investidores para o clube. Uma consultoria de um bom advogado, para evitar lambanças como a ocorrida recentemente com Remo e Paysandu. Os clubes assinaram com uma rede de lojas dando a ela exclusividade na comercialização de produtos do clube. Depois assinou com outra para a comercialização de aparelhos celulares com a marca Remo e Paysandu. Como iriam comercializar nesta se já tinham firmado com outra empresa? Resultado: Um dos patrocinadores já disse que não vai renovar o contrato. Duas equipes profissionais comportando-se como amadoras. Tem que contratar gerentes de futebol para saber organizar o departamento de futebol de um clube, minimizando as despesas e maximizar os resultados. Se continuar com o pensamento de 50 anos atrás é melhor de mudar de lugar e ficar atrás do alambrado torcendo nas arquibancadas.
O futebol paraense, como em outros Estados brasileiros, os dirigentes brincam de futebol. Se dizem profissionais, mas na verdade são um amadorismo melhorado. Profissional mesmo só tem o registro na CBF, pois na pratica é totalmente diferente.
Tem muita, muita gente que está brincando de dirigir futebol. E como diz o ditado quem não pode com o pote não pega na rodilha. Ou aquele popularmente brasileiro: Não se meta na política sem dinheiro.
O mais engraçado é o que ouvi e li recentemente. Existem pessoas que estão doidinhas querendo mudar o estatuto de um clube de futebol de Belém. E o pior, são pessoas que já dirigiram este clube profissional. O motivo? O motivo justificado é que o estatuto é ultrapassado. Ultrapassado, na verdade, são pessoas com este pensamento. São pessoas que não sabem interpretar corretamente um texto e o código civil brasileiro. Fazendo este tipo de coisa, vão estar perdendo justamente uma coisa essencial no futebol: a união de seus dirigentes, associados e torcedores. Essas pessoas vão cair do cavalo, pois os verdadeiros torcedores, dirigentes e conselheiros não vão permitir este tipo de atentado ao clube.
Futebol é organização, planejamento, controle e união. E o que se investe não se pode querer resultados imediatos. As vezes é um resultado a médio e longo prazo, e não a prazo imediato como muitos querem. É preciso dar tempo ao tempo, para colher excelentes frutos e lucros no futuro.

Luiz Paulo F Pina
Gerência, Supervisão e Logística de Futebol Profissional
Belém-PA e Macapá-AP
luizpaulopina@yahoo.com.br
luiz_paulo_pina@hotmail.com
91 83040741 - 24h

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