terça-feira, 30 de agosto de 2011

A ARTE DE PERDER

Eu já perdi pai, perdi irmão, perdi esposa, perdi mulheres, perdi amigos, perdi a vontade de beber cerveja, perdi o desejo de fumar, enfim, perdi, agora, emprego que me rendia R$ 14 mil/mês na Rádio Liberal-AM. Eu não consigo chamar Rádio CBN - O LIBERAL. Vejo que estão acabando com a marca da emissora. Numa carta, digo ao Rominho que eles deram com os burros n’água.

Chamaram-me de doido porque falei o que muitos querem falar e não têm coragem de falar o que falei na reunião em que estava Rômulo Maiorana Neto. Não fui leviano. Falei a verdade em reunião de avaliação de serviço. Só que a verdade dói, “porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade”. Inobstante ser deísta, leio a Bíblia e me apego muito no que nela está escrito, e é por isso que o meu Deus é rico, poderoso e festeiro. É bíblico.

Quando Alexi do Carmo assumiu a direção executiva da Rádio Liberal me chamou prá conversar e percebi que ele estava a fim de querer saber quanto eu ganhava em dinheiro (sem carteira assinada por mais de 8 anos na empresa) para produzir e apresentar dois programas: METRÓPOLE EM ALERTA, das 9h às 10h, de segunda a sexta-feira(inclusive direto da Alemanha, em junho de 2006) e o BOLA NA ÁREA, aos domingos, das 12h às 15h.(também, na Copa do Mundo de 2006, da Alemanha), joguei limpo com ele, e na mesa do diretor mostrei um a um dos meus anunciantes e quanto me rendia mensalmente: R$ 25 mil. “Alexi, foi o Ronaldo Maiorana quem autorizou os meus comerciais. Não roubo ninguém”, disse ao diretor, que respondeu: “Eu ganho R$ 10 mil”. Entendi a ironia do chefe. “Eu sou caro e procuro alegrar quem me cerca”, respondi.

Ameacei deixar a rádio, e pelo telefone celular discutimos. Marcamos encontro: e em sua sala chegamos a um acordo: carteira assinada como jornalista e 3 cotas de comerciais. Perdi R$ 11 mil.Deixei de anunciar: CÊRA JHONSON, ALMIRANTE e POSTO DALAS. Preferi: BIG BEN, BELÉM IMPORTADOS e UNIMED, mas dentro de um padrão CBN. Eu não poderia citar textemunhal.

Veio a programação Globo-Rio, e em reunião no auditório da TV Liberal, disse que não acreditava em rede nacional de rádio porque nos “enlatados” de rádio não se respeita cultura regional. “Tu és doido, Zeca, em falar isso!” Disse-me um colega.

Não sei por que, sai programação Globo - AM (RJ) e entra CBN. Aí começou minha desgraça. A diretora de jornalismo da emissora, Wilma Reis, deseja que todos os apresentadores obedeçam ao padrão CBN (São Paulo). Transgredir. E disse no ar que não iria me “estuprar” profissionalmente em nome de um estilo paulista. Conclusão: acabaram com o programa matinal e fiquei somente com o BOLA NA ÁREA, mas perdeu a identidade: sábado, das 10h às 12h, e domingo, das 19h às 21h, sem as minhss vinhetas. Perdi o tesão prá trabalhar. E como sem tesão não há solução, relaxei.

Perdi a vontade de produzir e apresentar o BOLA NA ÁREA. Fiquei triste, aborrecido, mas pedi ao meu Deus que não me deixasse faltar o sentimento de gratidão que tenho pelas ORM, em especial pelo Ronaldo Maiorana (O Gaguinho), que muito me ajudou: deu-me carro, parte de dinheiro prá comprar minha casinha, computador, advogado (Dr. Jorge Borba) prá me defender em processo movido pelos adversários da RBA e as cotas de publicidades. “Leva prá casa do índio”, deram-me corda. Não, não posso ser ingrato com Ronaldo Maiorana. Não vou me sentir feliz. O que adianta estar com a “baba” na conta e não poder abraçar o Gaguinho nos botecos da vida? A minha língua pode ser uma poderosa arma (como diz Fagundes Varela, em A LÍNGUA), prá disparar palavras que ferem suscetibilidades, mas o meu coração vive recheado de virtudes ensinadas pelo meu velho pai: verdade, integridade, lealdade e gratidão.

E pensando nessa gratidão, ontem li A ARTE DE PERDER (ONE ART) de Elizabeth Bishop (08/02/1911-06.10.1979): “A arte de perder não é nenhum mistério/Tantas coisas contêm em si o acidente/ Se perdê-las, que perder não é nada sério/Perca um pouquinho a cada dia...”

Perdi emprego e dinheiro na Liberal (que um dia voltará a ter programação local, eu acredito), e ganhei o carinho e o abraço do empresário Carlos Santos, da Sandrinha (sua filha),do Benedito Drago(diretor financeiro) do Carlos Alberto Melo de Alverga, do Nildo Matos, do Paulo Baia, do Chico Chagas, dono, diretores e funcionários da Rádio Marajoara-AM (1130), onde a partir do dia 5 de setembro, 20h, estarei no ar com o programa do TUDÃO, e no domingo, 11/9, apresentando o SHOW DE BOLA, às 12h. É só felicidade!

Obrigado, do fundo do meu coração, ao Rominho, Ronaldo Maiorana; obrigado, ao Alexi do Carmo; Obrigado ao advogado Jorge Borba(aconselha-me quando preciso de mão amiga) obrigado,Joperso Coutinho(meu parceiro na nova empreitada),obrigado, aos meus colegas "Epafroditos"; obrigado, àqueles que torcem contra o repórter José Maria Trindade.

Sábado, no REMADINHA da Mikaela, almoço de agradecimento aos meus colegas da Rádio Liberal-AM, e brinde à parceria com a Rádio Marajoara.
É o que há!





Um comentário:

  1. VIVA!
    Felizmente chegou o dia da tua "libertação" desse padrão idiota que tentaram te impor e chegou a redenção com a já conhecida casa Marajoara.
    fico triste apenas por não poderes contar com o apoio do grande "negão" Agripino, setorista como nenhum outro. Infelizmente o "velho" Agripa passou a ser subutilizado numa rádio onde a prioridade é a notícia vinda do "Sul Maravilha", abrindo mão do talento e capacidade dos nossos repórteres. Mas quem sabe um dia o Agripino também não se liberte dessa mordaça cruel e volte a nos brindar com seu conhecimento e qualidade ímpar.

    Bem vindo de volta aos lares dos ouvintes locais.

    Álvaro Grego Junior
    Ananindeua - Pará
    algregojr@yahoo.com.br

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