sábado, 11 de fevereiro de 2012

FOI-SE O MAIS AZUL DA CIDADE


Não gosto de falar ou escrever sobre pessoas que entram na infinita escuridão.

Sou avesso porque a humanidade tem mania de santificar quem morre. Às vezes o falecido foi um vida torta, sacaneou com deus e o mundo, fez maldade, mas quando “embarca” para não retornar mais, vira gente boa.

O passamento de Jurandir Bonifácio, ocorrido hoje de infarto fulminante, faz-me mudar de concepção porque o conheci em Macapá, no estádio municipal “Glicério de Souza Marques”, em maio de 1974, num jogo entre Clube do Remo e São José (empate em 1 x 1) e passados cinco anos nós nos reencontramos no Baenão.

Cheguei a Belém em cinco de maio de 1979 para fazer faculdade, e em 1980, como repórter da Rádio Guajará, fui ser setorista azulino e estreitei amizade com o “Mais Azul da Cidade”. É verdade! Sabia de tudo do CR. Se dava ao luxo de divulgar as boas e as ruins (como só ele sabia) ninguém divulgava.

A partir daí passei a denominá-lo de “O cara de égua” da imprensa esportiva paraense. Jurandir era tranqüilo, humilde, sensato, dentro da sua linha estratégica, ótimo repórter, e aos poucos fui aprendendo com ele: “Prá saber as coisas de um clube, Zé, faz amizade com porteiros e cozinheiras. Não é preciso estar no clube prá se saber das coisas. Dá um presentinho de vez em quando que tu não ficas sem notícia”. Foi uma aula que jamais esqueci, me passada pelo mestre” Juruca”, como era conhecido carinhosamente pelos confrades.

Juruca em 35 anos de atividade como repórter da Rádio Marajoara conheceu o Brasil e por duas vezes França e Guiana Francesa, deixou um filho criado, educado e encaminhado, como a esposa que é funcionária do governo federal.

Depois que se aposentou, numa deferência do Guilherme Guerreiro, Jurandir voltou ao rádio, produzindo e apresentando programa noturno na Rádio Clube. Num dia me cruzei com ele e falei que o ouvia. “Tá legal, Juruca, teu programa!”

No dia seguinte ele mandou um abraço para o confrade José Maria Trindade. Não terminou o programa. A direção da emissora mandou tirá-lo do ar. Prova suficiente que tive do interdito proibitório em relação ao meu nome na Rádio Clube do Pará.

Assim como tive relacionamento estretissimo(profissional) com Luís Araújo,mantive com Jurandir Bonifácio, com quem conversava três quatro vezes por semana pelo telefone.

A safra de ótimos repórteres está se esvaindo.Minhas condolênicias à família Jurandir Bonifácio.
É o que há!

2 comentários:

  1. Foi um grande profissional e um dos responsáveis por eu querer ser jornalista.
    O céu está mais azul com o Juruca.

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  2. Jurandir Bonifácio estava para o Remo, assim como, Agripino Furtado está para o Paysandú. Ambos nunca esconderam suas cores do coração, mas sempre foram (no caso do Agripa, ainda é) exemplos de profissionais talentosos da mídia esportiva paraense. E pensar que um dia a Super Marajoará, teve como setoristas Juruca pelo Remo e Agripa pelo PSC, dupla imbatível, não tinha prá ninguém.

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